Para se entender todo esse emaranhado de “diferentes”
partidos é necessário o recurso à historia das idéias políticas e a uma analise
da sua trajetória e de sua composição, ou seja, quem são as suas lideranças e
quais são os interesses que elas
defenderam e/ou defendem. Mas essa tarefa, às vezes, é bastante difícil.
Talvez, mais adiante, você entenda o porquê dessa afirmação.
Em primeiro lugar, recorrendo-se à historia, podemos tentar
dividir classicamente os partidos em DIREITA e ESQUERDA. Estes termos têm
origem na Revolução Francesa (1787), refletindo a posição dos partidos
políticos durante a Assembleia Nacional (convenção): à direita, sentavam-se os
parlamentares da gironda representantes da alta burguesia, defensores sem
tréguas da propriedade privada e da ampla liberdade para os negócios; à
esquerda e ao alto, situavam-se os membros da montanha, conhecidos como
lacobinos representantes da pequena
burguesia e defensores dos
direitos dos sans-coulottes e dos camponeses .
Os jacobinos eram tidos como
radicais, mas eram a favor da propriedade privada, desde que vinculada
ao bem-estar social. Admitiam que o estado pudesse controlar de alguma forma a
economia. Existia também um partido de CENTRO, a planície, que ainda era
chamada jocosamente de pântano. Seus membros,
apesar de também representares a alta burguesia, tentavam mediar os
conflitos entre a direita e a esquerda.
Da resolução francesa aos nossos dias, virou uma espécie de “senso comum” relacionar
a esquerda com o desejo de se lutar pela igualdade, pelos direitos dos
trabalhadores e dos desfavorecidos. Portanto, os partidos socialistas e os
comunistas passaram a ser entendido como de esquerda.
Já a direita ficou associada à elite econômica da sociedade
capitalista, burguesia – àqueles que defendiam os seus interesses. Assim podem
ser entendidos tanto os partidos liberais, como também aqueles que entediam que
o capitalismo somente se tornaria viável através da intervenção econômica e do
autoritarismo, com é caso dos partidos fascista e nazista.
O chamado centro seria ocupado por aqueles partidos que
tentaria conciliar as necessidades do capital com a preocupação com as diversas
questões sociais e com a garantia de extensão dos direitos dos trabalhadores.
Definindo dessa forma, poderíamos vincular historicamente o centro, por
exemplo, àquela que ficou conhecida como a social-democracia européia.
A esquerda, portanto, é aquela que luta pela reforma
agrária, pela distribuição de renda, por
políticas de inclusão e de assistência
aos pobres e desvalidos, por mais
verbas e maior qualidade para a saúde e
a educação públicas, etc. É identificada como os partidos que propõe a mudança
do status quo.
Já a direita pode ser nomeada como a defensora intransigente
da propriedade privada (daí ser contra a reforma agrária), da privatização das
empresas públicas (ou seja, a venda de
estatais lucrativas para os empresários nacionais e estrangeiros), da
“liberdade” econômica (com o conseqüente livre fluxo do capital externo no
pais), dos interesses das escolas particulares (mega-empresários da
educação,que abrem uma faculdade em cada esquina) e da saúde privada (os
empresários dos planos de saúde, cuja razão de ser é dada pelo “fracasso”
provocado da saúde pública...),etc. É, pois,identificada com os partidos
conservadores, preocupados em
preservar a estabilidade do
sistema político.
Paralelamente, o centro procuraria conciliar esses dois
interesses antagônicos, propondo pequenas e pontuais reformas(ou, seguindo a sabedoria popular, preferindo “entregar os
anéis para não perder os dedos”).
Como os partidos políticos na sociedade capitalista precisam
eleger os seus representantes com o voto popular ( a grande maioria da
população é composta pelos trabalhadores e pelos os pobres em geral, certo?),
configura-se uma situação curiosa: num pais como o Brasil,por exemplo, nenhum partido
se auto-intitula de direita...
Perfeitamente compreensível não?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe Seu Comentário.