Muito bem, eu quero cumprimentá-los a todos e dizer, que
mais uma vez eu estou aqui para fazer uma declaração aos senhores e as
senhoras, jornalistas e ao povo brasileiro.
Eu registro que eu li hoje notícia do jornal Folha de São
Paulo de que perícia constatou que houve edição no áudio de minha conversa com
o senhor Joesley Batista. Essa gravação clandestina, é o que diz, foi
manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos. Incluída no
inquérito sem a devida e adequada averiguação, levou muitas pessoas a um engano
induzido e trouxe grave crise ao Brasil.
Por isso, no dia de hoje, estamos entrando com petição no
colendo Supremo Tribunal Federal para suspender o inquérito até que seja
verificada em definitivo a autenticidade da gravação clandestina.
O autor do grampo está livre e solto passeando pelas ruas
de Nova York. O Brasil, que já tinha saído da mais grave crise econômica da sua
história, vive agora, sou obrigado a reconhecer, dias de incerteza. Ele não
passou nem um dia na cadeia. Não foi preso, não foi julgado, não foi punido. E,
pelo jeito, não será.
Cometeu, digamos assim, o crime perfeito.
Graças a essa gravação fraudulenta e manipulada,
especulou contra a moeda nacional. A notícia foi vazada, seguramente, por gente
ligada ao grupo empresarial, e antes de entregar a gravação, comprou um bilhão
de dólares, porque sabia que isso provocaria o caos no câmbio. Por outro lado,
sabendo que a divulgação da gravação também reduziria as ações de sua empresa,
as vendeu antes da queda da bolsa. Não são palavras minhas apenas a, esses
fatos já estão sendo apurados pela Comissão de Valores Mobiliários.
A JBS, meus senhores e minhas senhoras, teve lucro de milhões
e milhões de dólares em menos de 24 horas. Esse senhor, nos dois últimos
governos, teve empréstimos bilionários no BNDES para fazer avançar os seus
negócios. Prejudicou o Brasil, enganou os brasileiros e agora mora nos Estados
Unidos.
Quero, aqui, observar a todos vocês aquilo que alguns da
imprensa já notaram: as incoerências entre o áudio e o teor de seu depoimento.
Isso compromete a lisura de todo o processo por ele desencadeado.
O que ele fala em seu depoimento não está no áudio. E o
que está no áudio demonstra que ele estava insatisfeito com meu governo.
Reclamações contra o Ministro da Fazenda, contra o Cade, contra o BNDES. Essa é
a prova cabal, de que meu governo não estava aberto a ele. E no caso, convenhamos,
no caso central de sua delação, fica patente o fracasso de sua ação. O Cade não
decidiu a questão solicitada por ele. O governo não atendeu a seus pedidos. Não
se sustenta, portanto, a acusação pífia de corrupção passiva.
E não foi só o Cade. O BNDES mudou no meu governo. A
presidente Maria Sílvia moralizou o BNDES. Botou ordem na casa. E tem meu
respeito e meu respaldo para fazê-lo! Assim como Pedro Parente o fez na
Petrobras. Estamos acabando com os velhos tempos das facilidades aos
oportunistas. E isso, meus amigos incomoda muito. Há quem queira me tirar do
governo para voltar aos tempos em que faziam tudo o que queriam com o dinheiro
público e não prestavam contas a ninguém. Quebraram o Brasil e ficaram ricos.
O autor do grampo relata, no diálogo que tivemos suas
dificuldades. Simplesmente a ouvi. Nada fiz para que ele obtivesse benesses do
governo. Não há crime, meus amigos, em ouvir reclamações e me livrar do
interlocutor indicando outra pessoa para ouvir suas lamúrias. E confesso que eu
ouvi à noite como ouço muitos empresários, políticos, trabalhadores,
intelectuais e pessoas de diversos setores da sociedade brasileira. No Palácio
do Planalto, no Jaburu, no Alvorada e em São Paulo.
No trabalho, acho que os senhores sabem, rotineiramente
até meia noite ou mais. E falo até com pessoas da imprensa, com pessoas da
imprensa já falei em horas avançadas. Muitos sabem disso porque falavam comigo
ao telefone ou até pessoalmente. Nada demais há nisso.
Mas é bom ouvir com atenção o que dizem as pessoas. E muito
do que foi dito nos depoimentos dos senhores Joesley e Ricardo provam apenas
falta de sintonia, abundante divergência. O primeiro fala em buscar uma forma
de interlocução comigo, pois não a tinha. Já o segundo fala que era meu
interlocutor frequente em nome do grupo. Há muitas mentiras espalhadas em seu
depoimento.
Lembrem-se da acusação de que eu dera aval para comprar o
silêncio de um ex-deputado. Não existe isso na gravação, mesmo tendo sido ela
adulterada. E não existe porque nunca comprei o silêncio de ninguém. Não
obstruí a Justiça porque não fiz nada contra a ação do Judiciário.
Falo aqui só de um dos pontos de contradição e
incoerência. Ou seja, houve falso testemunho à Justiça. Chegam ao desplante de
me atribuir falas, frases, ou senhas ou palavras chulas que jamais cometeria.
Atentam contra meu vocabulário e minha inteligência.
Tenho crença nas instituições brasileiras e nos seus
integrantes. Devo até registrar, devo até registrar, que é interessante quando
os senhores examinam os seu depoimento e o áudio, os senhores verificam que a
conexão de uma sentença a outra, não é conexão de quem diz: olhe eu estou
comprando o silêncio de um ex-deputado e estou dando tanto a ele. N não! A
conexão é com a frase: “eu me dou muito bem com o ex-deputado, mantenho uma boa
relação”, e eu disse: mantenha isso, viu? Enfatizou muito, o viu.
E por isso mesmo eu devo dizer que, não acreditei na
narrativa do empresário de que teria segurado juízes, etc. Ele é um conhecido
falastrão, exagerado. Aliás, depois, em depoimento, podem conferir, disse que
havia inventado essa história, que não era verdadeira, ou seja, era
fanfarronice que ele utilizava naquele momento.
Eu quero pontuar que houve grande planejamento para
realizar esse grampo. Depois, houve uma montagem e uma ação deliberada para
criar um flagrante que incriminasse alguns, enquanto os criminosos fugiam para
o exterior em absoluta segurança.
O Brasil, meus senhores, exige que se continue no caminho
da recuperação econômica que traçamos para colocar o país nos trilhos. Já
recuperamos o PIB, acabamos com a recessão, reduzimos a inflação, derrubamos a
taxa de juros, estamos gerando empregos e liberamos mais de 40 bilhões de reais
para os trabalhadores brasileiros. Estamos completando as reformas para
modernizar o Estado brasileiro.
Meu governo, senhores tem rumo! Acho que os senhores e as
senhoras são testemunhas deste fato, e sabem que o que foi dito, volto a dizer,
no áudio, que de resto está sendo impugnado por eventuais, ouso até mencionar
que houve mais de 50 edições desse áudio, tentar macular não só a reputação
moral do Presidente da República, mas tenta invalidar o nosso país. Mas eu digo
com toda segurança: o Brasil não sairá dos trilhos. Eu continuarei à frente do
governo.
Muito obrigado.
Da: redação do jornal da social.