Ele não é filho de Romário, como achou parte da imprensa argentina, mas
tem a estrela, a frieza e o oportunismo do tetracampeão. Romarinho pode
até mesmo não comemorar o título da Taça Libertadores com o
Corinthians, mas nos próximos sete dias, certamente, seu nome estará nas
orações e nos agradecimentos de cada um dos mais de 30 milhões de
alvinegros espalhados pelo Brasil e no mundo. Foi do garoto de 21 anos,
aos 40 minutos do segundo tempo, o gol do empate por 1 a 1 com o Boca
Juniors, na lotada La Bombonera, em Buenos Aires, no primeiro jogo da
final da competição sul-americana.
A partida de volta está marcada para a próxima quarta-feira, às 21h50m
(de Brasília), no estádio do Pacaembu. Como não há na final o critério
do gol como visitante, um novo empate leva a decisão para prorrogação.
Se a igualdade persistir, a decisão vai para a disputa por pênaltis.
Romarinho encobre o goleiro para marcar o gol do Corinthians (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
O toque na bola de Romarinho, passando por cima do goleiro Orión,
evitou um tropeço que poderia abalar o Corinthians. Seguro no primeiro
tempo, mas dominado na etapa final, o Timão viu o Boca Juniors abrir o
marcador depois de muito pressionar, aos 28 minutos. Chicão ainda tentou
um “Maradona às avessas” ao tirar com a mão a cabeçada de Santiago
Silva, mas Roncaglia marcou no rebote do "zagueiro-goleiro" - que
poderia ter sido expulso.
DESTAQUES DO JOGO
-
momento decisivo
40 min
Romarinho entrou em campo para brilhar. Em seu primeiro toque na
bola, após lindo passe de Emerson, o garoto tocou na saída de Orión: 1 a
1.
-
deu errado
Liedson
É evidente que a fase não é das melhores. Mas Tite o escolheu para
vaga do lesionado Jorge Henrique. A mudança tirou a rapidez do ataque.
-
arbitragem
E. Osses
O árbitro chileno recebeu 'marcação' de Riquelme. O argentino só
parou de reclamar quando levou amarelo. No resto, o juiz teve atuação
regular.
A CRÔNICA
por
Leandro Canônico
737 comentários
Ele não é filho de Romário, como achou parte da imprensa argentina, mas
tem a estrela, a frieza e o oportunismo do tetracampeão. Romarinho pode
até mesmo não comemorar o título da Taça Libertadores com o
Corinthians, mas nos próximos sete dias, certamente, seu nome estará nas
orações e nos agradecimentos de cada um dos mais de 30 milhões de
alvinegros espalhados pelo Brasil e no mundo. Foi do garoto de 21 anos,
aos 40 minutos do segundo tempo, o gol do empate por 1 a 1 com o Boca
Juniors, na lotada La Bombonera, em Buenos Aires, no primeiro jogo da
final da competição sul-americana.
A partida de volta está marcada para a próxima quarta-feira, às 21h50m
(de Brasília), no estádio do Pacaembu. Como não há na final o critério
do gol como visitante, um novo empate leva a decisão para prorrogação.
Se a igualdade persistir, a decisão vai para a disputa por pênaltis.
Romarinho encobre o goleiro para marcar o gol do Corinthians (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
O toque na bola de Romarinho, passando por cima do goleiro Orión,
evitou um tropeço que poderia abalar o Corinthians. Seguro no primeiro
tempo, mas dominado na etapa final, o Timão viu o Boca Juniors abrir o
marcador depois de muito pressionar, aos 28 minutos. Chicão ainda tentou
um “Maradona às avessas” ao tirar com a mão a cabeçada de Santiago
Silva, mas Roncaglia marcou no rebote do "zagueiro-goleiro" - que
poderia ter sido expulso.
A equipe xeneize, empurrada por 50 mil bocas,
entre elas a de Maradona,
teve ótimas chances de ampliar o marcador. Parou na trave, na defesa e
em Romarinho. Aos 21 anos, o garoto, contratado ao Bragantino, brilhou
como gente grande.
- Brilhou minha estrela, e pude dar essa felicidade a todos – resumiu o herói.
Pois é, Romarinho, você calou a Bombonera.
Maradona viu o jogo em camarote na Bombonera
(Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Gente grande
Não importa se é a primeira ou a décima, final de Libertadores aumenta a
adrenalina e deixa os nervos à flor da pele. Ainda mais quando do outro
lado está o multicampeão Boca Juniors. Mas o “novato” Corinthians não
se amedrontou, pegou um pouco da catimba argentina e iniciou uma
sequência de provocações.
Logo de cara, em uma disputa na lateral direita, Paulinho chutou a bola
em cima de Erviti, como se dissesse “aqui é Corinthians, mano”. No
mesmo lance, Alessandro chegou firme no jogador do Boca. O Timão parecia
saber que o camisa 11 xeneise era o barril de pólvora da equipe da
Bombonera.
Maduro como se tivesse em sua décima decisão, o Corinthians criou a
primeira chance do jogo, em belo chute de longe de Paulinho (sempre
ele). Orión fez excelente defesa. O tempo passou, o Boca tentou, o Timão
marcou, e Erviti provocou. Tanto que se desentendeu com Emerson Sheik e
soltou um forte palavrão.
– Se a gente aceitar que só eles falem, não dá, não pode – reclamou
Sheik, no intervalo, em entrevista ao repórter Mauro Naves, da TV Globo.
Impaciente, o Boca Juniors apostou na catimba, mas quando acertou o
toque de bola mostrou que não tem nada de “meia-boca”, para felicidade
de Maradona, ídolo do clube e que estava em seu camarote na Bombonera.
Aos 34 minutos, Mouche deu ótimo cruzamento para Santiago Silva pegar de
primeira, de voleio. Não fosse o corte providencial de Alessandro,
mesmo que sem querer, seria gol.
E o primeiro tempo da grande final foi assim. Um Corinthians maduro,
segurando um Boca Juniors impaciente, ora no “toca y me voy”, ora na
catimba. A nota triste, para os corintianos, ficou por conta da saída
precoce de Jorge Henrique, aos 38 minutos, para a entrada de Liedson. O
atacante sentiu dores na coxa direita.
- Esperei tanto por esse momento... Mas vou ficar torcendo para que
tudo dê certo. Vou tratar e ver se consigo jogar lá em São Paulo –
avisou Jorge Henrique.
Santiago Silva, no instante em que acertou voleio. Alessandro salvou o Corinthians (Foto: AP)
De boca aberta
Se na etapa inicial o Boca Juniors, em alguns momentos, cadenciou a
partida e esperou por uma falha do adversário ou uma desatenção, logo
nos primeiros minutos do segundo tempo a postura foi outra. Ofensivo, o
time xeneize partiu para cima e encurralou o Corinthians no campo de
defesa.
A maturidade e paciência do Timão do primeiro tempo pareciam ter ficado
no vestiário. Pouco combativo e dando espaço para o bom toque de bola
do meio-campo argentino, o time do técnico Tite não conseguia se achar.
Enquanto isso, o Boca, experiente, foi ganhando espaço no campo de
ataque.
Roncaglia comemora gol com Santiago Silva
(Foto: AFP)
O Corinthians, porém, não chegou à decisão da Libertadores por acaso.
Experiente, o Timão era perigos no contra-ataque. E também contava com
uma muralha no gol: Cássio. Aos 15 minutos, o camisa 24 do time
alvinegro segurou chute de Mouche, de dentro da área, e fez milhões de
corintianos suspirarem de alívio.
Mas o Boca Juniors cresceu muito na partida. Empurrado por sua
incansável torcida, os xeneizes insistiram, não deram sossego ao
Corinthians. E foram recompensados aos 28 minutos. Mouche cobrou
escanteio. Após desvio, Santiago Silva cabeceou, Chicão tirou com a mão e
a bola bateu na trave. Na sobra, Roncaglia marcou. Pela mão na bola, o
zagueiro corintiano levou só cartão amarelo.
Se já estava recuado, sem muita força ofensiva antes do gol do Boca,
depois o Timão foi ainda mais pressionado. O time de Buenos Aires viu
que os brasileiros sentiram o gol sofrido e tentou se aproximar para
aumentar a vantagem.
Mas os argentinos não contavam com uma pequena alteração do
Corinthians. Pequena mesmo. Romarinho entrou no lugar de Danilo para
brilhar. Credenciado pelos dois gols na vitória sobre o Palmeiras, pelo
Brasileirão, o atacante “vetou” Willian do banco e fez o gol de empate
aos 40 minutos.
O passe preciso de Emerson Sheik deixou Romarinho em posição
privilegiada. Com frieza de jogador experiente, o garoto deu um
toquinho, por cobertura, na saída de Orión: 1 a 1. Na comemoração, ele
parecia não saber a grandeza do seu chute, a emoção que causou e o
alívio que deu a milhões de corintianos.
Mas a Fiel agradece.
Fontes: ibahia e Globo